Música na Nouvelle Vague francesa

curso com Luíza Alvim

Em geral, quando pensamos na Nouvelle Vague francesa, recordamos as inovações na linguagem visual dos filmes (filmagens em locações, montagem ágil), além da importância dada ao diretor como “autor” da obra cinematográfica, especialmente por parte dos diretores-críticos da revista Cahiers du Cinéma. No entanto, será que a música dos filmes do movimento acompanha essa relativa ruptura com o cinema clássico (francês e hollywoodiano)? Ou haveria uma maior continuidade com a tradição do que se espera?


A partir da análise audio/visual dos filmes de oito cineastas importantes do movimento, tanto do grupo dos Cahiers (Jean-Luc Godard, François Truffaut, Claude Chabrol, Jacques Rivette, Éric Rohmer) quanto da assim chamada “Margem Esquerda” (Agnès Varda, Alain Resnais e Chris Marker), exploraremos as formas inventivas com que empregaram a música em seus filmes, seja utilizando música clássica ou popular preexistente, seja no trabalho junto a compositores de músicas originais.

17 de maio a 7 de junho - segundas-feiras, das 15h às 17h30 (horário de Brasília)

Carga horária: 10h (4 aulas x 2 horas e 30 min)

Curso online através da plataforma Zoom. Caso algum aluno perca a aula ao vivo, será disponibilizada a gravação da mesma no dia seguinte.

Valor: R$ 150,00

Público-alvo:

Interessados de modo geral por música no cinema; estudantes de Cinema ou Música em nível técnico ou universitário; pessoas já inseridas no mercado de Cinema ou de Música no audiovisual que queiram um aprofundamento de aspectos históricos e estéticos da área.

Ementa completa:

Aula 1


Características gerais da Nouvelle Vague francesa. Principais mudanças no uso da música em relação ao cinema clássico francês e hollywoodiano, como o emprego de novos gêneros musicais e de muita música preexistente. Questionamento do aspecto da ruptura frente à tradição. A música no cinema de Jean-Luc Godard: fragmentação e repetição em O demônio das onze horas (1965); uso de música preexistente escolhida pelo próprio diretor do filme em Made in USA (1966) e as relações com o conceito de “música de autor” de Claudia Gorbman; uso de canção popular em Masculino feminino (1965).


Aula 2


François Truffaut: nostalgia e conservadorismo musical em Os incompreendidos (1959). As parcerias diretor-compositor: Truffaut e Georges Delerue (Atirem no pianista, 1960); Claude Chabrol e Pierre Jansen (A mulher infiel, 1969). Chabrol e a ópera em Os primos (1959). Éric Rohmer: uso de música só quando narrativamente justificada (Minha noite com ela, 1969).


Aula 3


Jacques Rivette: usos da música de vanguarda em Paris nos pertence (1961) e A religiosa (1965). Agnès Varda: música e representação de personagens femininas em Cléo das 5 às 7 (1962) e As duas faces da felicidade (1965).


Aula 4


Chris Marker: usos da música russa em “Carta da Sibéria” (1958) e “La jetée” (1962). Alain Resnais: variação nos estilos musicais a partir da escolha de um compositor específico para cada filme, como Giovanni Fusco em Hiroshima, meu amor (1959) e Hans-Werner Henze em Muriel (1963).

Professora:

Luíza Alvim é doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com período sanduíche de um ano na Universidade Paris 3, sob orientação de Michel Chion, e pós-doutora em Música pela UFRJ. Graduada em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF), foi professora-substituta do curso de Comunicação da UFRJ e do departamento de Cinema da UFF. Criadora e organizadora das quatro edições da Jornada Interdisciplinar de Som e Música no Audiovisual (JISMA), de 2016 a 2019. Autora do livro “A música no cinema de Robert Bresson” e de diversos trabalhos sobre cinema e música em revistas acadêmicas.

Bibliografia:

Bibliografia principal:

  • McMAHON, Orlene. Listening to the French New Wave: the film music and composers of postwar French art cinema. Bern: Peter Lang, 2014.


Bibliografia complementar:

  • ALVIM, Luíza. Godard e o eterno retorno da música. Imagofagia, v.13, 2016.

  • ______ . A música clássica preexistente no cinema de diretores da Nouvelle Vague – anos 50 e 60. Tese (Doutorado em Música) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2017.

  • ______ . Beleza, star system e uso da música associada a personagens femininas em filmes de ficção de Agnès Varda da Nouvelle Vague. In: LUSVARGHI, L.; ALVIM, L.; NASCIMENTO, G. (Org.). Cinema, representação e relações de gênero. São Paulo: E-Galáxia, 2018.

  • ______ ; MENESES, Juliana. Chabrol e a ópera na Nouvelle Vague In: III Jornada Interdisciplinar de Som e Música no Audiovisual (JISMA), 2018, Rio de Janeiro. Anais 2018. Rio de Janeiro, v.3. p.7 – 24, 2018.

  • ______ . Voz over e colagens musicais em documentários ensaísticos de Chris Marker e Agnès Varda da época da Nouvelle Vague. Doc On-Line: revista digital de cinema documentário, v. 24, p. 60-79, 2018.

  • ______ . Performances musicais em filmes de Rohmer, Truffaut e Godard dos anos 60 In: Estilo e som no audiovisual. São Paulo: SOCINE, 2019, v.1, p. 160-181.

  • ______ . Nostalgia, referências e cinefilia na música dos filmes de Truffaut. Mostra "Truffaut em 35mm". Rio de Janeiro: Cinemateca do MAM, 2019.

  • BROWN, Royal. Overtones and undertones: Reading film music. Berkeley: University of California Press, 1994.

  • GORBMAN, Claudia. Unheard Melodies: Narrative Film Music. Londres : BFI Publishing, 1987.

  • ______ . Auteur music. In: GOLDMARK, D.; KRAMER; L.; LEPPERT, R. (Org.). Beyond the soundtrack: representing music in cinema. Los Angeles: University of California Press, 2007.

  • ______ . Varda´s music. Music and the Moving Image, v. 1, n. 3, Fall 2008, p. 27-34.

  • MARIE, Michel. A Nouvelle Vague. Revista Significação, São Paulo, v.30, n.19, 2003.