O horror é um dos gêneros mais populares e longevos dentro da cinematografia mundial. Diversos cineastas ao longo dos mais de cem anos de história fílmica utilizaram suas convenções e linguagem específica para criar histórias que afetam profundamente os espectadores, despertando respostas potentes de medo, terror, ansiedade, repulsa e nojo. Tais respostas emocionais provocam, também, reflexões, pensamentos e ideias, oferecendo chaves de leitura que ultrapassam a narrativa fílmica, transmitindo discursos sociais mais amplos. A mulher e o corpo feminino ocupam um lugar central na maioria dessas histórias.
O objetivo do curso é estimular leituras e interpretações feministas do gênero, pensando as ideologias propagadas por filmes de horror e o seu papel e discursos que constroem sobre relações de gênero e sexualidade. Essas leituras serão realizadas a partir da análise de filmes de horror, em face à conceituação teórica abordada na bibliografia proposta.
De 21 a 30 de Julho - terças e quintas, das 15hs às 17hs (horário de Brasília)
Carga horária: 8h (4 aulas x 2 horas)
Curso online através da plataforma Zoom. Caso algum aluno perca a aula ao vivo, será disponibilizada a gravação da mesma no dia seguinte.
Valor: R$ 80,00
Público-alvo:
Entusiastas do gênero do horror; pessoas interessadas em estudos narrativos e em teoria de gênero no cinema.; cinéfilos, estudantes de cinema e outras pessoas que se interessem por filmes, especialmente de horror.
Inscrições encerradas
Ementa completa:
Ao longo das aulas, serão abordados conceitos e teorias chaves sobre o cinema de horror e leituras feministas do mesmo. São eles:
O horror:
Conceituações sobre a natureza do gênero do horror para além do cinema, os elementos que lhe representam e a relação específica de espectatorialidade que propõe, elicitando emoções fortes e corporais, e gerando reflexões que ultrapassam o mundo fílmico. Pensaremos sobre o papel do horror como moldura discursiva para padrões de gênero e sexualidade e como os afetos que gera constroem discursos sociais complexos.
A figura da mulher no cinema:
Teorias sobre a representação feminina no cinema. A problemática do olhar. A objetificação da mulher. E, em especial no cinema de horror, a violenta conformação de seus corpos e sexualidades através de narrativas moralizantes.
O monstro e o mal:
Teorias sobre o papel dos monstros e do mal dentro do cinema de horror. O monstro como um aviso, uma forma de educar aqueles que com ele se deparam através do choque visual e do perigo implicado no encontro com um corpo repulsivo. O mal como um cerne de significação e chave de leitura. Finalmente, a figura feminina como representação do monstruoso e do mal.
A aplicação do conteúdo estudado e as discussões em aula giram em torno da análise de diversos filmes, antigos e recentes, de horror e outros gêneros que flertam com esse universo, estimulando debates sobre a influência do cinema na formação e propagação de normas sociais, especialmente normas de gênero e sexualidade.
Professora:
Mariana Ramos é formada em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com período sanduíche na New York University e na Cornell University, e mestre pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense, onde estudou a representação feminina no cinema de horror anglófono dos anos 70 e 80 por um prisma feminista. É roteirista, produtora e diretora. Ofereceu curso de feminino e horror na UFF e apresentou diversos trabalhos sobre o tema em encontros nacionais e internacionais. Dirigiu e roteirizou o curta metragem “Silêncio” (2018), além de webséries de variedade. No momento, está na pós-produção da websérie documental de true crime “Horror no Horizonte”, que co-escreveu e dirigiu, para a UOL, e na produção do curta metragem “Sebastiana”, selecionado pelo edital de fomento ao audiovisual de Niterói, além ter outros projetos em desenvolvimento.
Bibliografia
CÁNEPA, Laura L. Pornochanchada do avesso: o caso das mulheres monstruosas em filmes de horror da Boca do Lixo. Ecompós, Brasília, v.12, n.1, jan./abr. 2009
CARROLL, Nöel. A filosofia do horror ou paradoxos do coração. Campinas: Papirus, 1999.
CLOVER, Carol J. Men, Women, and Chain Saws: Gender in the Modern Horror Film. Princeton University Press: 1993.
CREED, Barbara. “Horror and the Monstrous Feminine: An Imaginary Abjection”. In. Screen (1986) 27 (1): 4471.
DE LAURETIS, Teresa. “Através do Espelho: Mulher, Cinema e Linguagem.” Tradução de Vera Pereira.
FREELAND, Cynthia A. “Feminist Framework For Horror Films”, In: BAUDRY, L.; COHEN, M. (Org.). Film theory and criticism. Oxford: Oxford University Press, 2004.
HALBERSTAM, J. Skin Shows: Gothic Horror and The Technology of Monsters. Duke University Press, 2000.
MULVEY, Laura. “Prazer Visual e Cinema Narrativo”. In. Xavier, Ismail (org.). A Experiência do Cinema. Rio de Janeiro: Edições Graal.
SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Pedagogia dos Monstros - os prazeres e os perigos da confusão de fronteiras. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2000.
WILLIAMS, Linda. “Film Bodies: Gender, Genre and Excess.” Film Quarterly, Vol.44, No.4 Summer, 1991, 213.
_________________, “When Women Look: a sequel”. Acessado em http://sensesofcinema.com/2001/freudsworstnightmarespsychoanalysisandthehorrorfilm/hor ror_women/